Isaar
World • Recife, PE, BR
Com duas décadas de carreira, a cantora, que ainda é uma das poucas mulheres a viver essencialmente de música no estado, e a sua geração, que se uniu na força da mútua colaboração, vem escrevendo o seu capítulo na história da música pernambucana.
Isaar, com seu belo rosto de menina sapeca e destemida, possui um elemento crucial para a sobrevivência da alma do artista, manter viva a criança dentro de si. Ella Fitzgerald, a maior de todas (ou seria Elis Regina mesmo, como disse Bjork?), tinha um inacreditável timbre juvenil, mas sabia transformar-se em várias personagens, seguindo cada emoção das canções. Assim como Elis, cantava sorrindo, sem esconder a felicidade de fazer o que gostava.
Assim como Ella, sabe Deus o quanto Isaar (e várias cantoras, mundo afora) lutou para conseguir ter e manter uma carreira artística, para permanecer no moto-contínuo do processo de criar, produzir, elaborar, testar, provar, agregar e exibir seu produto imaterial final. A ela, e a todas elas, o nosso respeito.
De seu novo disco, ouvi duas faixas que mostram o quanto vem ficando cada vez melhor. As referências e influências se mostram mais sutis, as canções estão mais arrojadas. Das 12 músicas, cinco são de sua autoria, há duas parcerias com Lito Viana e Lucas Vasconcelos, e gravação de composições de Cássio Sette, Ângelo Souza (Graxa), Beto Villares e… Zizo! O mesmo que, em sua antevisão, afirmou que Isaar ia longe.
Sim, ela está no imensurável caminho do “longe” e parece não querer saber qual é a distância. Desde que esteja feliz no trajeto.
por Débora Nascimento.